Guardiões da Galáxia Vol. 3
Nem só de lágrimas – e houve muitas – se fez o desfecho dos Guardiões. O humor já conhecido de Gunn aqui ganha dimensões galácticas.
Existem trilogias que o tempo jamais vai apagar, como Star Wars IV-VI, Senhor dos Anéis ou mesmo a trilogia Antes, de Richard Linklater. Hoje esse esse panteão recebeu mais um integrante: Guardiões da Galáxia.
Desde Guardiões 1, em 2014, o roteirista e diretor James Gunn já demonstrou a que veio: personagens marcantes e imperfeitos, um humor que conquista até os mais frios corações e uma trilha sonora impossível de ignorar. Com Vol. 2, o que já era bom ganhou ainda mais profundidade e charme.
E Guardiões Vol. 3? Caramba, vou dar uma respirada e já te respondo.
Vol. 3 tinha a enorme responsabilidade de fechar de forma satisfatória a história de personagens já amados por milhões (incluindo este autor que vos fala). Peter Quill, Rocky, Groot, Nebula, Drax. Assim, entrei no cinema animado e confiante no trabalho de Gunn, mas nada poderia me preparar para ganhar o que ganhei.
Desta vez, abrimos com um Peter Quill deprimido, sem muita razão para viver desde que perdeu sua companheira Gamora em Vingadores: Ultimato. E os outros guardiões, agora sem um capitão funcional, estão ao léu. Tudo muda quando a vida de Rocky, o Guaxinim, fica por um fio depois de um ataque inesperado, lançando os Guardiões em mais uma missão. A última.
E este é o ponto pivotal deste filme. Até então um Guaxinim desbocado e esquentado, em Vol. 3 somos levados a entender por que ele existe e por que ele é como é. Uma história absolutamente tocante, para a qual nada poderia me preparar, de verdade.
Mas nem só de lágrimas – e houve muitas – se fez o desfecho dos Guardiões. O humor já conhecido de Gunn aqui ganha dimensões galácticas, sendo Drax o alvo de algumas das piadas mais hilárias que já vi no cinema. Dignas de menção também são as contribuições de ouro de Mantis, Peter e até mesmo Cosmo, uma cadelinha falante.
Além de todo esse humor e do drama bem feito, é preciso mencionar o elo que alinhava a relação pacífica entre esses dois opostos: a trilha sonora. Radiohead, Florence + The Machine, Beastie Boys, Alice Cooper e mais irão fazer você voltar para casa dançando, com o coração leve e com muito o que contar.
Mas tudo precisa ter um fim. Após me deliciar num grande leque das minhas próprias emoções, algo que só os filmes conseguem atingir de uma vez, era hora de me preparar para o final derradeiro. A hora que eu menos queria, pois sabia que nunca iria ver esse filme pela primeira vez de novo. Segurei firme no encosto da cadeira e me deixei levar. Chorei mais, dei mais risadas e foi uma agradável surpresa ver as pessoas ao meu redor tão emocionadas quanto eu. Acho que por pouco não nos abraçamos todos.
Só tenho a agradecer a algum manda-chuva anônimo da Disney, que financiou essa microcosmo único e estupidamente divertido que Gunn imaginou. Por permitir, sem restrições, que ele fizesse todas as suas piadocas politicamente incorretas, todas as cenas de ação exageradíssimas, e que ele levasse os personagens exatamente para onde ele sabia que precisava levar.
Termino esta crítica com um manifesto: Filmes de heróis são, sim, cinema de verdade (desculpe, Scorsese), basta você saber quais assistir. Sugiro Guardiões da Galáxia.