Top Gun: Maverick (2022)
Dá pra contar nos dedos o número de vezes que um filme de ação consegue ser mais que apenas um filme de ação.
Dá pra contar nos dedos o número de vezes que um filme de ação consegue ser mais que apenas um filme de ação. Em momentos assim, me lembro de filmes como Baby Driver, de Edgar Wright, que alia excelente história e personagens cativantes a altas doses de adrenalina para elevar um filme de ação a décima potencia. E para felicidade geral, Top Gun: Maverick é esse tipo de filme. E bom preparar o peito uma força G esmagadora na subida.
Escrito pelo talentosíssimo Peter Craig (Batman 2022, Bad Boyz For Life), Top Gun: Maverick conta a história de Mitchell Maverick (Tom Cruise), convocado mais uma vez para a elite dos pilotos, a Top Gun. E, para sua surpresa, a ideia não é que ele pilote. Ele deverá treinar jovens pilotos para que não percam a vida numa missão claramente suicida.
Original? Não muito, e tudo bem. Muito embora o roteiro siga plot points conhecidos de filmes de ação, é justamente na execução desse roteiro que o filme floresce. Por exemplo, o choque do aparente egoncentrismo do professor com alunos muito jovens e arrogantes cria um conflito muito interessante. E em questões de roteiro, é dado que criamos certas expectativas ao assistir décadas de filmes de ação. E é justamente por esperarmos certos eventos como, por exemplo, um ato tres explosivo, que roteirista vai além, te levantando do chão pela gola e te enganando e te levando na direção errada o tempo todo. Tiro meu chapéu – e massageio meu pescoço vermelho depois.
Além do roteiro, o filme também brilha nas cenas de combates aéreos, que tiram seu ar e te transportam para a cabine dos caças supersônicos. E eu digo isso literalmente: os atores foram filmados no assento traseiro de pilotos que pilotavam os caças em tempo real e faziam todas aquelas manobras de verdade. Uau! Parte integral do sucesso não só dessas cenas, mas do filme inteiro, é a direção, que não peca em nenhum momento, entregando um filme que jamais perde sua atenção.
Ajudando o projeto estão também as atuações de Cruise e Miles Teller (Whiplash), que são genuínas, sutis, e conferem urgência ao complexo assunto não resolvido entre os personagens. Outro ponto interessante é o papel que Jenifer Connelly desempenha no filme, constituindo com Cruise um par romântico não jovem, algo que não se vê com muita frequência.
A verdade é que, seja você novo ou veterano na franquia, Top Gun 2 tem o que você precisa. Uma direção competente, ação desenfreada e o entendimento de que não existe bom filme de ação sem uma ótima história que o justifique. Reúna a família e ligue as turbinas. Será um voo para se lembrar.